Luciana Chinaglia Quintão, fundadora e presidente da ONG Banco de Alimentos e finalista do Prêmio Empreendedor Social na categoria Emergência Sanitária, foi destaque em reportagem da Folha de S. Paulo no início de dezembro. O texto valoriza as ações da instituição durante a pandemia, com a distribuição de quase 6 milhões de quilos de alimentos, e retrata a trajetória de vida de Luciana, há 23 anos dedicada ao combate à fome e ao desperdício de alimentos no país.
A decisão de abrir a ONG, em 1998, esbarrou em resistências e prejulgamentos. “Era uma iniciativa à frente de seu tempo, e fui considerada desobediente civil, com ameaça de ser presa, já que não tinha proteção da legislação. Enviamos 400 cartas para indústrias de alimentos. Só cinco responderam, com votos de boa sorte. Um baque, mas não desanimei,” afirma Luciana.
A reportagem lembra que antes da pandemia, 52 milhões de brasileiros viviam em situação de insegurança alimentar. Hoje são 116,8 milhões e, entre esses, 19 milhões passam fome, enquanto 27 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas em média por ano, segundo dados da FAO/ONU. “Não podemos ser indiferentes a essa realidade. A sociedade precisa se conscientizar. É preciso mudar a cultura do desperdício”, afirma a empreendedora social.
Em destaque também, o livro de Luciana – Inteligência Social – a Perspectiva de um Mundo sem Fome(s), lançado no final de 2019. “A inteligência social tem que estar a serviço da coletividade, tendo interface com inteligência política, econômica e educacional, todas as outras áreas necessárias à sociedade”, defende Luciana. A obra se divide em três partes: Inteligência social, Rumo à Evolução Social e Inteligência Social Aplicada. Também relata a história da fome no Brasil, com levantamento da segunda metade do século 19 até os dias de hoje
Uma das metas da empreendedora social é inspirar também estudantes. Com este objetivo, lançou em outubro uma plataforma que inclui o aplicativo Inteligência Social, em fase de teste. “Acredito que escolas devem e podem ser um centro transformador.” É uma ação voltada para o Brasil que não passa fome, mas, por não fazer nada, faz com que ela se perpetue.
Para Luciana, a fome é uma metáfora universal para a falta. “Há muitas fomes. Percebi isso desde cedo. Falta de educação, falta de saúde, falta de acesso à comida. O que nos prejudica é a falta de acesso.”
A dureza da distopia da pandemia não a impede de pensar em uma sociedade mais justa e seguir fazendo algo por isso. “Um mundo melhor, com menos fomes e mais respeito”, almeja Luciana, com a certeza de ter construído uma tecnologia social que minimizou os efeitos da crise sanitária entre os mais vulneráveis.
Para ler a reportagem na íntegra, acesse: https://www1.folha.uol.com.br/empreendedorsocial/2021/12/pioneira-no-combate-a-fome-no-brasil-amplia-impacto-durante-a-pandemia.shtml