Precisamos, humildemente, uns dos outros. Precisamos de mutirões de desequilíbrio em busca de um novo projeto para os brasileiros.
É fácil constatar a veracidade da afirmação expressa no título acima – Desordem e Progresso; basta termos consciência sobre o
que de fato ocorre no simples ato de caminhar! Para dar um passo nos colocamos em situação de risco, pois temos que provocar um desequilíbrio. No momento em que levantamos uma perna para avançar já estamos potencialmente em desequilíbrio, não é?
E imaginar que quando iniciamos a caminhada estamos a mais ou menos 140 mil quilômetros por hora! É isso mesmo; essa é a velocidade da Terra em torno do Sol no momento em que ela esta mais próxima dele. E um observador que esteja no espaço, fora da nossa atmosfera, constatará que aquele que está correndo próximo ao Polo Sul está correndo de cabeça para baixo. Portanto, são infinitas as forças que podem nos desequilibrar, mas também são em igual número aquelas que nos mantêm em equilíbrio.
Nessa linha de pensamento, podemos concordar com os chineses, que há muitos séculos afirmam que o equilíbrio nada mais é do que um momento na soma dos múltiplos desequilíbrios. A natureza ensina a todos nós que a ordem e o progresso não existem; a “ordem” nada mais é do que um momento no conjunto universo dos desequilíbrios; segundos, séculos e até eras de “estabilidade” que, na verdade, estão em movimento, quer seja de ascensão ou declínio.
Esse é o grande método: o vórtice do desequilíbrio e do equilíbrio. Pensar com muita profundidade sobre essas forças nos auxilia a refletir sobre o nosso Brasil, pobre Brasil.
Assim, o “progresso” necessita do desequilíbrio para seguir sua jornada. Mas qual o sentido do desequilíbrio? Em qual direção devo provocá-lo, a fim de realizar uma caminhada construtiva? Para o Norte? Quais as oportunidades, os espaços em branco que podemos conquistar? Quais as ameaças, as forças que por ora não conseguiremos superar? Quais forças devem ser controladas e quais devemos impulsionar?
Esse é o grande método: o vórtice do desequilíbrio e do equilíbrio.
Pensar com muita profundidade sobre essas forças nos auxilia a refletir sobre o nosso Brasil, pobre Brasil.
Cadê aquele projeto único, diferenciador, definido para 20, 30 anos, como os projetos adotados em países como Vietnã, Emirados Árabes, Japão e China? Para onde estamos indo? Como nos diferenciar objetivando conquistar vantagens competitivas? Copiando os EUA, a Suécia, a Suíça, que estão 80, 90 anos na nossa frente? Ou procurando atalhos que acelerem a descoberta de soluções disruptivas para o nosso endêmico atraso? Abrindo inúmeras frentes sem recursos para realizá-las de forma diferenciada ou focando em linhas de força coerentes com um diagnóstico profundo? E cadê o diagnóstico? Onde estão as soluções ?
Quem este Brasil quer ser e como efetivamente estaremos em 2050?
Sabemos, a teoria do desequilíbrio é universal, aplicável em qualquer campo do conhecimento. Por que não empregá-la também em nossas empresas? E nas nossas pobres organizações de ensino? Nesta área temos que iniciar do zero. Estamos cada vez mais próximos de uma equação impossível, de “ordem e progresso”… Vamos bater nas pedras em breve. Por que ficar tentando imitar aquilo que está 90 anos na nossa frente? Por que tentar reproduzir um modelo de ensino decadente de Gênova do século 12?
Necessitamos rapidamente colocar os brasileiros acima deste nosso pobre Brasil. E Deus no interior de cada um de nós – dado que acima não está funcionando –, para despertar as riquezas interiores que inconscientemente carregamos.
Temos que ser mais ágeis, certeiros, provocadores de desequilíbrios, diferenciadores. Só assim seremos mais criativos. Trabalhando o conhecimento, procurando o novo, o possível no curto espaço de tempo; integrando cada vez mais gente, profissionais, mestres de ofício, etc. etc.
Vivemos em uma sociedade de cooperação, não em ilhas de “verdades” mal ajambradas. Precisamos, humildemente, uns dos outros; precisamos de mutirões de desequilíbrio em busca de um novo projeto para os brasileiros.
E quem se encarregará desta revolução do bem já que erramos significativamente na formação oferecida à geração dos Millennials, a geração Y, e de seus antecessores? Estudos demonstram que eles possuem, potencialmente, baixíssima capacidade para se reinventarem. E sabemos as razões: falta de autoconhecimento e falta de profundidade nos seus propósitos, na sua capacidade criativa e de transformação social. A maioria está frustrada com a sua vida e com sua profissão… e olhando para seu próprio umbigo, corre desesperadamente atrás do tempo perdido, em meio a esta crise econômica e social interminável.
Necessitamos rapidamente colocar os brasileiros acima deste nosso pobre Brasil. E Deus no interior de cada um de nós – dado que acima não está funcionando –, para despertar as riquezas interiores que inconscientemente carregamos. Necessitamos rapidamente também despertar energias criativas, transformadoras, que contribuam para uma sociedade equilibrada do ponto de vista social e econômico.
Precisamos urgentemente desta revolução.
__________________
Dennis Giacometti
Consultor associado na adentro consultoria – gestão, inovação e estratégia de marca